Nom é necessário reconhecer que estamos a falar de duas forças políticas minoritárias, numha altura histórica em que, na Galiza e noutros países do Ocidente capitalista, é difícil avançar significativamente com propostas políticas à esquerda e na periferia do admissível polo sistema.
Num artigo anterior, poucos meses atrás, lembrei que nas eleiçons autonómicas de 2005, quando se apresentárom duas forças políticas independentistas e de esquerda, os resultados separados de cada umha delas - FPG e NÓS-UP - foi bem pequeno (algo maior no caso da primeira), mas supujo que, somadas, obtivessem o melhor resultado da modesta história eleitoral do nosso independentismo.
Naquelas mesmas linhas, apostava quem isto assina por um acordo amplo entre as correntes do fragmentado soberanismo galego para apresentar umha candidatura única nestas eleiçons autonómicas que agora afrontamos.
Hoje sabemos que aquilo nom foi possível, mas nom todas as pessoas interessadas na questom sabem porquê. O mais fácil nestes casos e falar genericamente de que "som todos iguais", "som os personalismos de sempre", "nom há verdadeiro interesse" e outras sentenças parecidas que, contendo parte de verdade, nom constituem a essência da mesma.
A verdade é que a explicaçom para a disparatada divisom do pequeno espaço autodeterminista e anticapitalista galego nom é assim tam fácil. Há muito de inércias, de conformismos e até de conservadorismos, qualidades todas elas nada próprias de forças ditas 'revolucionárias'. Nom, nom esqueço referir a falha que todos costumamos ver nos outros e quase nunca em nós próprios: a produtiva etiqueta do 'sectarismo'.
Reconhecido o anterior, é obrigatório afirmar que é pouco honesto o que fai o candidato Ferrim na sua entrevista no jornal 'Galicia Hoxe' do dia 29, afirmando em referência à FPG, mais ou menos, que "nós estamos abertos a formas de unidade amplas, mas nom só porque nós queiramos podem produzir-se, tenhem que querer todas as partes".
Essas fôrom as lacónicas palavras do histórico dirigente independentista, perguntado pola injustificável divisom em duas candidaturas com que afrontamos o 1 de Março. É sintomático que o candidato Ferrim opte por evitar reconhecer qualquer responsabilidade e prefira culpabilizar a única formaçom que propujo falar sobre a unidade possível.
A realidade é que, como foi publicado nalguns meios no seu dia, NÓS-Unidade Popular apresentou no mês de Maio umha proposta dirigida às forças políticas da esquerda soberanista entendidas num senso amplo: FPG, Movimento pola Base, EI, PCPG, Corrente Vermelha e CNM. Umha proposta que se fijo pública precisamente para que existisse constáncia da sua existência e da disposiçom de cada um dos sectores aludidos, dados os precedentes (o PCPG tivo que desmentir em comunicado público, há quatro anos, as afirmaçons da FPG, quando esta negava a existência de um acordo fechado para umha candidatura unitária em 2005, que a própria FPG rompeu à última hora de maneira unilateral).
Parece que o candidato Ferrim quer agora lançar, como se de um choco se tratasse, umha nuvem de tinta sobre o pequeno espaço informativo dedicado polos meios convencionais ao independentismo, contribuindo para umha confusom claramente interesseira. Por isso, vou resumir brevemente o acontecido em relaçom à proposta de NÓS-Unidade Popular para umha candidatura unitária às eleiçons do próximo mês de Março.
A carta enviada em Maio às referidas entidades foi respondida por três delas: o Movimento pola Base, o PCPG e Corrente Vermelha. No caso do primeiro, agradeceu o convite e declinou participar numha convocatória que era contraditória com a sua pertença ao BNG, o que é compreensível. As outras duas organizaçons, o PCPG e CV, participárom com a melhor das atitudes, junto a NÓS-UP, numha reuniom em regime de autoconvocatória no dia 11 de Julho.
Nessa reuniom, as três forças concordárom em que nom se davam as condiçons mínimas para avançar sem a participaçom da FPG, como um dos sectores referenciais do independentismo das últimas décadas. Só depois da reuniom apareceu publicado num foro da Internet um escrito do colectivo Espaço Irmandinho em que mostrava nulo interesse na proposta.
A FPG, durante todo esse tempo e até a entrevista com Ferrim do passado dia 29 de Janeiro no 'Galicia Hoxe', mantivo um sepulcral silêncio, evitando qualquer contacto ou resposta, formal ou informal, à proposta de NÓS-UP.
É evidente que a FPG é livre de manter contacto ou evitar umha elementar relaçom de cortesia com quem decidir em cada momento. Cousa diferente é que um destacado membro da sua direcçom, conhecedor sem dúvida da realidade dos factos, aproveite o espaço mediático para mentir, tentando responsabilizar "os outros" da falta de umha candidatura ampla pola autodeterminaçom e o socialismo.
As pessoas que consideramos imprescindível evitar outros vinte anos de imobilismo nas forças da esquerda soberanista nom estamos dispostas a ler mais mentiras e calar dando por boas as más razons, no que parece um péssimo recurso ao serviço talvez de umha causa eleitoral.
Fica esta reflexom por aqui. De resto, nada pode ser exigido ao candidato Ferrim ou ao seu partido, que legitimamente optou pola fórmula, tantas vezes repetida, da divisom. Só deve ficar constáncia de que, em lugar de um recurso mais ou menos afortunado em tempo de campanha, a mentira é sempre umha ilegítima arma, de natureza claramente contrarrevolucionária. Por isso alguns nos perguntamos: por que mente o candidato Ferrim?
Maurício Castro naceu en Ferrol en 1970. É profesor de portugués, actualmente adscrito á Escola Oficial de Idiomas da Coruña, despois de dous anos de docencia en Badaxoz. »