Passadas as eleiçons de 9 de Março, em que pola primeira vez nom houvo listas soberanistas galegas –o BNG apresentou um programa para ‘ter mais peso em Madrid’ e nom para defender a nossa soberania–, nos cada vez mais numerosos sectores desmarcados do autonomismo começa a especular-se sobre a proximidade das Eleiçons autonómicas de 2009 e o que poderám significar para a necessária reconfiguraçom social do soberanismo galego.
Umha série de condiçons inéditas coincidem nessa convocatória, que oferecem expectativas para que o espaço eleitoral galego se abra por fim a um sector político que até hoje tem sido incapaz de representar, nesse terreno, umha verdadeira esquerda nacional.
Assim, pola primeira vez, a expressom política maioritária do nosso nacionalismo, o BNG, afrontará um processo eleitoral a partir da sua cómoda posiçom no bipartido governante. Independentemente do que uns e outras opinemos sobre o desempenho do BNG na coligaçom governante durante esta legislatura, é claro que ter ocupado as importantes parcelas de poder institucional que o BNG ocupou nestes anos lhe permite afrontar o processo eleitoral com umha perspectiva substancialmente diferente à de legislaturas anteriores.
Foi isso o que se demonstrou no passado 9 de Março. Nesta democracia virtual e mediática, onde o principal impulso para fazer carreira institucional parte da presença suficiente nos meios de comunicaçom, o BNG continuará a representar o terceiro actor desse bipartidarismo imperfeito da Galiza institucional actual.
O papel do BNG nestes anos, desmarcando-se abertamente de luitas históricas do nosso nacionalismo, olhando para o empresariado autóctone como anelado esteio para o seu projecto de conversom numha CiU galega, cria também umhas condiçons inéditas. Existem, pola primeira vez, movimentos sociais sem direcçom política clara, que respondem à contestaçom espontánea de numerosos sectores populares perante as políticas de sempre: predaçom do território, especulaçom urbanística, privatizaçons e políticas económicas de corte inequivocamente neoliberal.
Nessas condiçons, e com a esquerda espanhola em queda livre (IU perdeu votos percentual e numericamente na Galiza no dia 9 de Março), existe um espaço eleitoral objectivamente abandonado polas forças institucionais que, com o PP virado para a extrema-direita, nos últimos anos tenhem pugnado por ocupar o mítico ‘centro político’.
Diante das inéditas condiçons com que vam apresentar-se as eleiçons de 2009, a principal incógnita para as pessoas que nos consideramos de esquerda e soberanistas é sabermos se vai ser possível criar, nos meses que restam, também umhas condiçons inéditas no nosso campo para apresentar batalha eleitoral.
É bom lembrar que há quatro anos, com um panorama tam marcado polo voto útil e a esperança na ‘alternativa’ a Fraga, a minoritária esquerda independentista, que se apresentou dividida em duas listas com programas eleitorais difíceis de distinguir, a nom ser no aspecto ortográfico, ultrapassou, pola primeira vez na história, os 4.000 votos (somando os da Frente Popular Galega e os de NÓS-Unidade Popular), o que supujo atingir o maior número nunca conseguido por qualquer força independentista galega.
Desconheço quantas listas se apresentarám em 2009, porque nom sei se os galegos e as galegas continuaremos a teimar na renúncia a constituir umha força unitária que faga frente à maré neoliberal e uniformizadora que tam gravemente está a erodir a nossa identidade e os direitos sociais da maioria. Porém, tenho o pleno convencimento de que, se essas forças e outras hoje ainda integradas no BNG conseguissem apresentar umha candidatura unitária pola autodeterminaçom e o socialismo, a história do esmorecimento da nossa naçom poderia começar a ser rectificada.
E a história pode e deve ser rectificada.
Maurício Castro naceu en Ferrol en 1970. É profesor de portugués, actualmente adscrito á Escola Oficial de Idiomas da Coruña, despois de dous anos de docencia en Badaxoz. »