Falamos co brasileiro Claudio Ferreira Filho, graduado en Sistemas de Información, que participou recentemente na presentación do sistema operativo Galinux.
Claudio Filho, na presentación de Galinux
Vieiros: É factível fazer uma transição completa das administrações públicas ao software livre?
Claudio Filho: Sim, é possível. No entanto, existe a necessidade de amadurecer as questões de gestão, tanto administrativas quanto tecnológicas, isto é, a gestão TIC precisa mostrar a importância de uso de padrões, como formato de arquivos (ODF), formato web (W3C), e outras especificações técnicas regidas pela OSI e AENOR, e o gestor geral entender que estas adoções irão facilitar a vida de todos, resultando em independência tecnológica traduzida em independência de fornecedor, fomentará a concorrência e participação das empresas TIC locais, e economias (aforros) de escala e de serviços, e ainda garantindo a disponibilidade da informação ao longo do tempo e ao cidadão sem obrigá-lo a se colocar numa posição ilegal, através da pirataria dos softwares que acessam a informação pública, ou com gastos elevados, como para compra de ferramentas de escritório ou sistemas operacionais, para ter compatibilidade com estas informações.
Assim, sim, é factível, pois temos praticamente soluções para todas as áreas em SwL, é viável, por trazer benefícios tecnológicos para a região, é justo, por tratar dos interesses sociais e econômicos da sociedade, e é sustentável, por ser um meio de crescimento do tecido TIC ao mercado local.
Pode-se aplicar a experiência brasileira à Galiza?
O Brasil iniciou o processo de migração em 2004 e, desta forma, tornou-se o pioneiro na migração ao SwL. Este modelo tem a vantagem de ter incluído os erros e acertos de um processo de migração de larga escala, se referindo à milhares (até dezenas de milhares) de computadores por órgão de governo, o qual está sendo utilizado como referência pelos demais governos da América Latina. Com base neste processo, acredito que é o caminho adequado para qualquer
instituição, seja governo, iniciativa privada ou educação, e entendo que Galiza não seria diferente.
A migração é, acima de tudo, uma busca por melhorar a qualidade de serviços internos, isto é, buscar melhorar a produtividade e facilitar a vida de todos os funcionários, e externos, isto é, mais transparência ao cidadão, economia, facilidade de uso e rapidez.
Que lhe parece o Plano Estratégico Galego da Sociedade da Informação da Junta da Galiza e a sua promoção do software livre? Que se pode melhorar?
Acredito que o PEGSI apresenta um caminho sustentável e preocupado para garantir estas inovações, e para tanto, o SwL é parte deste caminho. No entanto, acredito que temos poucos pilares (patas) para este processo, isto é, vejo que o governo está preocupado em melhorar, a sociedade quer e precisa de melhorias, temos tecnologia em constante evolução para atender estas demandas, mas vejo que falta o pilar (pata) da comunidade, que são as pessoas que desenvolvem, promovem, divulgam e ajudam o SwL a se manter. No caso do Brasil, já está bem identificado o papel da Sociedade, do Governo e da Comunidade para manter este ecossistema de forma sustentável.
E que acha da atividade da comunidade de software livre galega? Tem alguma característica diferente de outras?
Sim. A comunidade de usuários aqui tem um perfil que nunca tinha visto, pois do tamanho que é a Galiza, tem aproximadamente 15 grupos de usuários Linux, enquanto que no Brasil, que é quase 12 vezes maior (aqui, são 2,8 M de habitantes e lá estamos em quase 200 M), temos um número um pouco maior de grupos de usuário que na Galiza. Outra diferença é que não temos apenas grupos de usuários Linux, se não, que temos grupos de usuários do OpenOffice.org (que lá é chamado BrOffice.org) que utilizam Mac, Win, Linux e outros sistemas operacionais, grupos de banco de dados, linguagens de programação, etc.
Qual é o seu labor em Tegnix?
Sou responsável pela gestão de projetos, apesar de que pela riqueza da diversidade de áreas de conhecimento que temos em Tegnix, a informação circula de forma extremamente ágil, gerando uma grande sinergia, resultando em trabalhos impressionantes para nossos clientes. Dentro deste trabalho, também tenho a possibilidade de manter nossos princípios de sustentabilidade, ajudando, conhecendo e dominando ainda mais os projetos de SwL que trabalhamos.
Acredito que a melhor definição, além das citadas acima, é a frase do nosso CKO, Roberto Brenlla, que diz: "Cremos no Software Libre aportando á comunidade, satisfacendo aos nosos clientes e demostrando que somos protagonistas nun mercado sostible."