Vieiros

Os negros representan nove dos 14 millóns de analfabetos que viven no Brasil, e están máis atrasados nos estudos do que o resto da poboación. Isto é o que opina o coordinador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Inocêncio, que sinala que a diferenza no rendemento é consecuencia dunha escola e un sistema de ensino que non acolle á poboación negra.

"A escola diz que o grupo do outro (dos brancos) é a grande referência para a humanidade. Foi o grupo do outro que construiu, ele representa a civilização. E o meu grupo (negros) não representa nada. Isso é colocado de forma persistente nos livros, nas lições, e o aluno vai obter reações muito negativas em relação ao processo. Ele se pergunta: na medida em que a escola não me reconhece, que sentido faz eu estar na escola?", sinala Inocêncio.

O ano pasado, perto do 85,2% dos brancos na faixa de idades comprendida entre os 15 e os 17 anos estaban estudando, e o o 58,7% facíao no nivel medio, o que lle correspondía. Entre os chamados pretos e pardos (negros e mulatos) da mesma faixa de idades, o 79.8% aínda estaban na escola, mais non no nivel que lle correspondía.

Obstáculos adicionais para desenvolver os seus estudos
Á mesma conclusión chégase no Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que, coordinado polo profesor Marcelo Paixão, compara, entre outros puntos, as notas acadadas por estudantes brancos e negros no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Em 2003, as notas en matemáticas e portugués dos alumnos brancos eran, de media, un 7,5% maiores do que a dos pretos e pardos. Segundo Paixão, isto é debido a que as crianzas e adolescentes negras e mulatas teñen "obstáculos adicionais para desenvolver os seus estudos", entre eles a "discriminação racial presente nos espaços escolares", que vai dende a actitude dos profesores e compañeiros aos contidos dos libros escolares, que "reforçam a invisibilidade dos negros".

Sempre facía de lobo malo na función escolar
Para presentar esta estudo, a Agência Brasil recorre ao testemuño dunha alumna de Historia da Universidade de Brasília (UnB), Luiana Maia, de 19 anos, quen sinala que o tratamento dos profesores aos estudantes negros é diferente do dispensado aos brancos. "Ele já tem aquela concepção, ainda que inconsciente, do que é o negro. O cabelo da menina negra, por exemplo, é visto de forma diferente quando ela chega na escola com ele solto, mais arrepiado. A professora já pede para prender, fala para ter cuidado com piolho. Com a menina branca não é assim", lembra, ao tempo que sinala que os alumnos negros tampouco "se sentem representados pelos próprios livros que usam. Ele se vê apenas no tronco, no açoite. O aluno só se vê na posição inferior, chega em casa abatido, aquilo impacta no desempenho".

A ABr tamén recolle a opinión de Humberto Borges, alumno do curso de Letras que, coma Maia, tamén ingresou na UnB a través de réxime de cotas, quen conta que cando era adolescente sempre representava na escola ao Lobo Malo, na peza de teatro de fin de curso: "Até que no último ano entrou um outro aluno negro na minha turma e quando a gente foi montar a peça o professor questionou: e agora, quem vai ser o Lobo Mau? O Humberto ou o fulano? Só então que eu fui perceber a sutileza", conta.